CINEMA E HISTÓRIA

CINEMA E HISTÓRIA

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Viver


Viver
Ikiru. JAP, 1952, 143 minutos. Direção: Akira Kurosawa. Contexto histórico: pós-Segunda Guerra Mundial. Sinopse: funcionário público que possui um cotidiano maçante, cujo o maior orgulho é nunca ter faltado a um dia de serviço em 30 anos, descobre que tem pouco tempo de vida e decide dedicar seus últimos dias à construção de uma praça. Ponto forte: retrata o serviço burocrático: o comportamento dos funcionários, as pilhas de processos parados, o ritmo lento do trabalho; a apatia e o desinteresse; os infinitos carimbos; o desejo pelo término da jornada de trabalho. Denuncia a inoperância do sistema burocrático, fruto da mediocridade.

Xica da Silva


Xica da Silva
BRA, 1976, 117 minutos. Direção: Carlos Diegues. Elenco: Zezé Motta, Walmor Chagas, José Wilker. Contexto histórico: Período Colonial, Minas Gerais, ciclo do ouro, segunda metade do século XVIII. Sinopse: escrava audaciosa cai nas graças de importante autoridade portuguesa, um contratador de diamantes, a quem presta favores sexuais e em troca recebe a alforria. Ponto forte: uma alegoria da questão da escravidão. História totalmente ficcional. Enorme sucesso de bilheteria.

Zuzu Angel


Zuzu Angel
BRA, 2005, 110 minutos. Direção: Sérgio Resende. Elenco: Patrícia Pillar, Daniel de Oliveira, Leandra Leal, Luana Piovanni. Sinopse: a luta verídica da estilista Zuzu Angel para resgatar o filho, Stuart Angel, preso pela ditadura militar por participar de uma organização clandestina de luta contra a ditadura. Na verdade o filho já está morto, havia sido torturado até a morte. Zuzu passa a lutar pelo direito de enterrar o filho, em uma busca que lembra a tragédia grega Antígona de Sófocles. Aproveitando-se de sua projeção internacional como estilista, Zuzu denuncia para o mundo, através de suas roupas, a violência da ditadura militar no Brasil. Longa peregrinação em busca do filho. O filme fecha com o possível assassinato da estilista através de um acidente automobilístico provocado pela ditadura – hipótese do filme – e com a música de Chico Buarque feita para Zuzu na década de 70. Impossível não se emocionar.


Quem é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho?
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar

Quem é essa mulher
Que canta sempre esse lamento?
Só queria lembrar o tormento
Que fez meu filho suspirar

Quem é essa mulher
Que canta sempre o mesmo arranjo?
Só queria agasalhar meu anjo
E deixar seu corpo descansar

(música intitulada Angélica, de Chico Buarque de Hollanda)

ENTREVISTA NO JÔ







ALEXANDRE AYUB STEPHANOU



Alexandre Ayub Stephanou é jornalista e doutor em História, pesquisador e professor. Especialista em Censura e Produção Cultural, lançou em 2001 o livro Censura no Regime Militar, que foi adotado em diversas universidades brasileiras e na cadeira de Latin American Studies da Duke University (EUA). Publicou ainda A Censura Federal Brasileira como Órgão Público (2005) e O que é Censura (2006). Trabalha no Colégio Anchieta, na Unisinos Educação Continuada e em cursinhos preparatórios, como Ativação Pré-Vestibular.A arte é apreendida pelos sentidos, mas também pela razão; é para fazer sentir, mas também para fazer pensar, é para acrescentar sentido em nossas vidas. Mas, sem a compreensão daquele que a contempla, a obra não se completa, não existe de fato, mesmo que seja concreta em sua materialidade. Mesmo que um filme se apresente como narração ficcional, ele é carregado da realidade, caso contrário não seria compreendido. Paradoxalmente, em uma época onde as imagens ganham cada vez mais importância, falta-nos um vocabulário visual compartilhado, pois esquecemos que a arte é individual como criação, mas é plural como significado. Esse livro, na verdade, é uma conversa, um dialogo sobre história e sobre filmes, em que ambos se “contaminam” reciprocamente. Não há nele pretensões acadêmicas ou literárias, mas uma pretensão maior: transformar o leitor em um apaixonado por História e Cinema. E pretende ser um guia da produção cinematográfica mais significativa que tem como temática a história, obras que utilizaram o saber histórico e, ao mesmo tempo, acrescentaram mais elementos a esse saber.