CINEMA E HISTÓRIA

CINEMA E HISTÓRIA

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Assim Caminha a Humanidade


Assim Caminha a Humanidade
Giant. EUA, 1956, 201 minutos. Direção: George Stevens. Elenco: Rock Hudson, Elizabeth Taylor, James Dean. Contexto histórico: a incorporação do Texas aos Estados Unidos, a criação de gado e a exploração de petróleo na região. Sinopse: no deserto texano, dois homens, um tradicional pecuarista e um novo rico, que achou petróleo em suas terras recém herdadas, disputam o controle da região e a paixão de uma mulher. Ponto forte: épico que narra as diversas gerações texanas e o preconceito sobre os mexicanos, utilizados pelos norte-americanos como mão-de-obra barata. O filme apresenta o Texas como um lugar árido, sufocante e inóspito. Não chega a ser um filme crítico, a não ser em alguns momentos pontuais. É interessante a abordagem do preconceito norte-americano em relação aos mexicanos.

Atraiçoados


Atraiçoados
Betrayed. EUA, 1988, 127 minutos. Direção: Costa-Gravas. Elenco: Debra Winger, Tom Berenger. Contexto histórico: a atuação da organização sulista Ku Klux Klan nos anos 60. Sinopse: uma agente do FBI (Polícia Federal) se infiltra em uma fazenda sulista para investigar o assassinato de um jornalista judeu e acaba se envolvendo com o principal suspeito. O drama se concretiza quando se confirma a suspeita. A complexidade do filme está no personagem do assassino, que ao mesmo tempo é um pai amoroso. Ponto forte: Gravas explicita a ligação de políticos e militares com a KKK. A cena mais impressionante do filme é a caçada a um negro promovida pela organização. Reproduz os rituais do grupo racista


A Balada de Narayama


A Balada de Narayama
Narayama Bushiko. JAP, 1982, 130 minutos. Direção: Shohei Imamura. Elenco: Ken Ogata, Sumiko Sakamoto, Aki Takejo, Tonpei Hidari. Contexto histórico: interior do Japão, final do século XIX. Sinopse: narra a história de uma aldeia castigada pela fome, onde amargas tradições foram instituídas: recém-nascidos são mortos para diminuir a família e os idosos – ao completar 70 anos – retiram-se para a montanha de Narayama para morrer. Ponto forte: a aldeia é localizada ao lado da montanha. O filme mostra o cotidiano de populações que vivem isoladas e sobrevivem com o mínimo de recursos materiais, grupos sociais congelados no tempo, algo muito comum na história da humanidade.

A Batalha de Argel




A Batalha de Argel
La Battaglia di Algeri. ARL/ITA, 117 min, 1965. Direção: Gillo Pontecorvo. Elenco: Jean Martin, atores amadores. Contexto histórico: a resistência e a luta armada da Frente de Libertação Nacional (FLN) argelina pela descolonização entre 1954 e 1957. A luta para se libertar da França combinava nacionalismo e islamismo. A Argélia foi oficialmente anexada à França em 1865, mas desde 1839 já vinha sendo ocupada e dominada pelos franceses. A independência argelina só ocorreu em 1962. Sinopse: retrata as estratégias de guerrilha da FLN para libertação da Argélia, o apoio velado da população, os atos de terrorismo. Ponto forte: o roteiro foi baseado nas memórias de um dos integrantes da FLN, Saadi Yacef. Ficção com técnica e jeito de documentário. A utilização de atores não profissionais, exceto o ator Jean Martin, acentua esse caráter documental. O diretor foi membro do Partido Comunista Italiano e militou na juventude antifascista. O filme venceu o Leão de Ouro do festival de Veneza. No Brasil foi censurado, sendo liberado somente em 1982. Os mesmos militares que proibiram o filme, o utilizavam nos treinamentos anti-guerrilhas. Na invasão do Iraque, em 2003, o pentágono exibiu o filme para seus oficias estrategistas.

Batismo de Sangue




Batismo de Sangue
BRA, 2006, 110 minutos. Direção: Helvécio Ratton. Elenco: Daniel de Oliveira, Cássio Gabus Mendes, Ângelo Antônio, Caio Blat. Contexto histórico: luta armada contra o Regime Militar, final dos anos 60. Sinopse: baseado no livro homônimo do Frei Betto, o engajado filme de Ratton conta a participação dos dominicanos na resistência à ditadura militar, auxiliando na luta armada, escondendo jovens militantes de esquerda e fornecendo apoio “logístico” a ALN (Aliança Libertadora Nacional), grupo de guerrilheiros clandestinos comandados por Carlos Marighela. A participação na luta armada levou à prisão e à tortura esse grupo de religiosos da Ordem Dominicana de São Paulo. Ponto forte: conseguir adaptar para o cinema um livro introspectivo. As cenas realísticas de torturas praticadas pelo Regime Militar, com os sofrimentos físicos e psicológicos, que são reproduzidas no filme, podem chocar os espectadores.

Ben-Hur




Ben-Hur
Ben-Hur. EUA, 1959, 219 minutos. Direção: William Wyler. Elenco: Charlton Heston, Jack Hawkins, Hugh Griffith. Contexto histórico: o domínio romano na Judéia/Palestina. Nesse período do Império, o poder havia se transferido do senado para os militares devido à expansão territorial realizada pelo exército romano. O exército passou a decidir os assuntos políticos nos domínios romanos. Sinopse: o filme narra a amizade entre Judah Ben-Hur, príncipe da Judéia, e Messala, militar e nobre romano. Quando esse último torna-se o governante da Judéia, manda prender Ben-Hur e sua família, sob a acusação de atentado às autoridades romanas, temendo a influência dele sobre os judeus. Ben-Hur passa por diversas privações físicas, torna-se escravo nas galés romanas, competidor no Coliseu, até reconquistar a sua liberdade e retornar à Judéia, reconstituindo sua família. Ponto forte: a reprodução dos espetáculos romanos destinados à plebe, como as corridas de bigas, e a reconstituição do trabalho escravo. Excelente épico, meio odisséia, meio bíblico, contendo 350 papeis com fala e utilizando 50 mil figurantes. Uma grande atuação de Charlton Heston. Recordista do Oscar com 11 estatuetas, incluindo melhor filme. O Ben-Hur original é de 1925, produzido ainda no período do cinema mudo.

Boa Noite e Boa Sorte





Boa Noite e Boa Sorte
Good Night, and Good Luck. EUA, 2005, 93 minutos. Direção: George Clooney. Elenco: George Clooney, David Strathairn, Robert Downey Jr. Contexto histórico: o marcathismo – combate ao supostos comunista infiltrados nos meios de comunicação, nas universidades e no serviço público – prática dos Estados Unidos durante a primeira fase da Guerra Fria, que ficou conhecida como “caça as bruxas”. Sinopse: o filme retrata a luta do jornalista Edward Murrow para desmascarar o oportunista senador McCarthy na sua cruzada anticomunista. O título refere-se à frase de despedida que o jornalista usava em seu programa de televisão na CBS. Murrow desafiou os interesses da própria emissora e foi o principal responsável pelo início do descrédito do senador perante a opinião pública. Mostra também o funcionamento do Comitê de Atividades Antiamericana (foto à direita), que atuou entre 1947 e 1954 no Congresso Nacional que investigava os suspeitos de serem comunistas. Ponto Forte: a precisão com que retrata a época, o uso do preto e branco para dar um tom documental, a busca de veracidade na reprodução dos diálogos e a mistura quase imperceptível entre as cenas de ficção e as cenas reais. O marcathismo e sua “lista negra” são frutos da histeria da Guerra Fria e representam um momento de perda das garantias constitucionais, exatamente como estava acontecendo no momento em que o filme foi realizado, quando o governo Bush estabeleceu o chamado “decreto patriota” que acaba com as garantias individuais e o direito à privacidade do cidadão norte-americano em nome do combate ao terrorismo. Uma verdadeira aula sobre o que foi o marcathismo. Melhor filme do Festival de Veneza.

Bonequinha de luxo


Bonequinha de luxo
Breakfast at Tiffany’s. EUA, 1961, 114 minutos. Direção: Blake Edwards. Elenco: Audrey Hepburn, George Peppard e Mickey Rooney. Contexto histórico: Estados Unidos, década de 1950, período de vigência do código de censura de Hollywood. Sinopse: o filme conta a história de um gigolô, sustentado por uma mulher mais velha e casada, que vive uma relação de amizade e paixão com uma prostituta de luxo, ambiciosa e ao mesmo tempo ingênua, que mora no apartamento abaixo do seu. A prostituta é fascinada pela loja Tiffan’s (por isso o título original do filme, portanto um merchandising). Ponto forte: o filme pode ser visto como um manual dos recursos utilizados pelos roteiristas e diretores americanos para driblar os rígidos padrões morais estabelecidos pelo código de censura de Hollywood, o chamado código Hays. Na verdade, um código de autocensura imposto pelos produtores cinematográficos, que vigorou entre 1924 e 1966, sendo substituído pela classificação por faixa etária. A falsidade dos princípios morais da sociedade americana da década de 50, mesmo que de forma velada, aparecem na tela: a protagonista recebe cinqüenta dólares para “ir ao toillet”. O excelente enredo é de Truman Capote, que não gostou do produto final do filme. Curiosidade: há um personagem brasileiro, vivido por um ator espanhol. O brasileiro surge estereotipado, pois mora em uma fazenda no Rio de Janeiro, para onde a protagonista pretende viajar com o objetivo de conhecer o “pampa”. O português falado é o de Portugal e como referenciais do Brasil aparecem um pôster da Bahia e uma cabeça de boi (?) pendurada na parede.

Cabra Cega


Cabra Cega
BRA, 2004, 107 minutos. Direção: Toni Venturi. Elenco: Leonardo Medeiros, Jonas Bloch, Renato Borghi e Débora Duboc. Contexto histórico: luta armada contra a ditadura militar. Sinopse: praticamente todo o filme se passa em um apartamento no centro de São Paulo, onde um militante da esquerda armada se encontra escondido, tendo pouquíssimo contato com o mundo exterior. Ponto forte: a detalhada reconstituição do período militar, inclusive com músicas e programas da época. O personagem do militante escondido simboliza as angustias da juventude brasileira daquele período. O filme evita cenas de violência e tortura explícita, recurso já bastante saturado para denunciar o Regime Militar brasileiro. Filme vencedor dos festivais de cinema de Gramado, Brasília (público) e Cuiabá.


Camila



Camila
Camila. ARG, 1984, 105 minutos. Direção: Maria Luisa Bemberg. Elenco: Súsu Pecoraro, Imanol Arias, Héctor Alterio. Contexto histórico: ditadura do general Juan Manuel de Rosas, meados do século XIX. A América Latina neste período foi marcada pela instabilidade política, com inúmeros golpes militares promovidos por caudilhos. O caudilho era um misto de militar e político, que possuíam um exército particular. Além disso, a economia permaneceu voltada para o mercado externo, uma herança do período colonial, e seguiram também os latifúndios e a má distribuição da terra. Esse sistema não gerava nem estabilidade política, nem crescimento econômico e nem industrialização. Sinopse: no interior da Argentina, neste período, era tradição dos fazendeiros mais abastados manterem um padre para o atendimento religioso da família e para a realização dos cultos. O drama ocorre quando o padre apaixona-se pela filha de um latifundiário. Ponto forte: a partir da história do relacionamento amoroso do padre com a moça exploram-se os elementos da sociedade patriarcal, conservadora e latifundiária da Argentina do século XIX. Baseado em uma história verídica.

Canta Maria





Canta Maria
BRA, 2006, 95 minutos. Direção: Francisco Ramalho Jr. Elenco: Vanessa Giácomo, José Wilker, Marco Ricca. Contexto histórico: República Velha, anos 30. Um dos fenômenos sociais mais marcantes provocados pela miséria do sertão foi o cangaço, os grupos de cangaceiros que viviam à margem da sociedade, praticando roubos, o chamado “banditismo social”. O grupo mais conhecido foi o bando liderado por Virgulino Ferreira da Silva (1897-1938), o Lampião. Sinopse: Lampião, fugindo do exército, esconde-se na casa da família de Maria. Os soldados descobrem e matam os pais da menina. Ela é levada para a casa de seu tio, onde passa a ser disputada por seus dois filhos. Ponto forte: o fenômeno do cangaço é visto, pela primeira vez no cinema, sob o ponto de vista feminino. Baseado no complexo romance Os Desvalidos do sergipano Francisco Dantas.

.Carlota Joaquina, Princesa do Brasil



.Carlota Joaquina, Princesa do Brasil
BRA, 1995, 100 minutos. Direção: Carla Camurati. Elenco: Marieta Severo, Marco Nanini, Marcos Palmeira, Antonio Abujamra. Contexto histórico: a vinda da Família Real para o Brasil, fugida da invasão do exército de Napoleão à Lisboa. Sinopse: o filme retrata os treze anos em que a família imperial permaneceu no Brasil, desde a sua chegada ao Rio de Janeiro, em 1808, até seu retorno a Portugal, em 1821. Ponto forte: apesar de ser uma alegoria da família real, de seus membros serem retratados de forma caricatural e de muitos mitos populares serem apresentados como verdades históricas (a diretora preveniu-se das críticas e começou o filme como se fosse um conto de fadas: era uma vez uma princesa...), o filme teve o mérito de levantar o debate sobre a permanecia da família real no Brasil e a importância desse fato para a nossa formação como país.

Cartas de Iwo Jima






Cartas de Iwo Jima
Letters from Iwo Jima. EUA, 2006, 140 minutos. Direção: Clint Eastwood. Elenco: Ken Watanabe, Ryo Kase. Contexto histórico: a batalha na ilha de Iwo Jima entre Estados Unidos e Japão pelo controle do Oceano Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial. O combate durou quarenta dias e acabou com a vitória norte-americana. Vinte mil japoneses e sete mil norte-americanos morreram. Sinopse: a narrativa acompanha o heroísmo do general japonês encarregado de defender Iwo Jima e dos seus comandados, apesar da eminente derrota. Ponto Forte: o filme apresenta a versão dos vencidos, mostrando a coragem dos soldados japoneses, mas nem por isso é um filme bélico, ao contrário, mostra o absurdo da guerra e as marcas que ela deixa. A obra mostra também conflito entre obedecer à tradição do suicídio como uma forma honrosa de morrer na derrota e o desejo de retornar ao lar e rever a família. O filme é falado em japonês e narrado pelos próprios soldados mortos, através da leitura das cartas escritas por eles para os familiares. Globo de ouro de melhor filme estrangeiro. A Conquista da Honra, outro filme do mesmo Clint Eastwood, também retrata essa batalha, mas com a visão dos vencedores.

A Casa dos Espíritos



A Casa dos Espíritos
The House of Spirits. ING, 1993, 140 minutos. Direção: Bille August. Elenco: Jeremy Irons, Meryl Strepp, Antonio Bandeiras, Glenn Close, Wimona Ryder. Contexto histórico: o filme narra a história do Chile do início do século XX até o golpe de 11 de setembro de 1973, que derrubou o governo socialista de Salvador Allende e deu início a ditadura militar de Augusto Pinochet, a mais violenta do período na América do Sul e que perdurou por 17 longos anos. Ponto Forte: mostra a conspiração para a derrubada de Allende, a rápida perda de controle que ocorre logo após a implantação do regime ditatorial e o comportamento violento dos golpistas. O filme também apresenta os diversos setores da sociedade chilena e os interesses envolvidos no golpe militar.
“A Casa dos Espíritos é uma obra cinematográfica que mistura política, magia e história. O enredo foi escrito por Isabel Allende, sobrinha do ex-presidente Salvador Allende. A escritora ambienta o filme num contexto que conhecia de perto e que envolvia o choque da herança política da colonização da América Latina com a expansão do marxismo. Allende foi o primeiro marxista a chegar ao poder através das urnas. Seu grupo político, formado por socialistas, comunistas, setores católicos e liberais tinha grande apoio dos trabalhadores urbanos e camponeses. Estas são características que passam ao espectador pelos personagens da trama, que tem como foco a família Trueba, cujo cabeça Esteban, é um latifundiário conservador e autoritário, casado com uma mulher de poderes especiais, Clara. O filme conta com um elenco formidável, retrata uma família com seus preconceitos, crenças e contradições, pois, mais adiante, a filha de Esteban, Blanca, se apaixona por um empregado, Pedro, que lidera um grupo a favor do sindicalismo. Com o golpe militar, Pedro passa a ser perseguido e Esteban o ajuda a pedido da filha. A ditadura militar chilena deixou milhares de mortos, trazendo a vitória para a extrema direita, sobre as forças populares chilenas”. Historiadora Tatiana Weber Furlanetto

Casanova e a Revolução/



Casanova e a Revolução/
A Noite de Varennes
La Nuit de Varennes. FRA/ITA, 1982, 126 minutos. Diretor: Ettore Scola. Elenco: Marcelo Mastroianni, Jean-Louis Barrault, Hanna Schygulla, Harvey Keitel. Contexto histórico: Revolução Francesa. O filme narra os acontecimentos do dia 20 de junho de 1791, quando a família real francesa fugia em direção a Bélgica e foi presa na cidade de Varennes (daí o título original do filme). Sinopse: a família real dos Bourbons foge de carruagem de Paris em direção a Áustria, acompanhada por outra carruagem, com um grupo bastante heterogêneo, onde se encontra o grande conquistador e escritor Giacomo Casanova, já com 66 anos. Ponto Forte: o filme trabalha os diversos pontos de vista sobre a Revolução francesa, no microcosmo dos ocupantes da carruagem. Casanova, um nobre, acredita que o caos se estabeleceu na França pela chegada dos burgueses ao poder.

Che e Che – A Guerrilha





Che e Che – A Guerrilha
Che: Part One e Che: Part Two. Primeira parte: FRA/ESP/EUA, 2008, 128 minutos. Segunda parte: FRA/ESP/EUA, 2008, 135 minutos. Direção: Steven Soderbergh. Elenco: Benicio Del Toro, Demián Bichir, Rodrigo Santoro. Contexto histórico: a Revolução Cubana e a guerrilha na Bolívia, retratos dos 50 e 60, quando que se acreditava que as guerrilhas armadas eram uma forma eficiente de se chegar ao poder. O herói mítico contemporâneo Ernesto “Che” Guevara, médico e guerrilheiro argentino que participou de guerrilhas revolucionárias em Cuba, Bolívia, Venezuela e Congo, é o símbolo desse período. A primeira parte se dedica a sua participação na Revolução Cubana e a segunda parte a frustrada tentativa de guerrilha na Bolívia, onde Che acabou assassinado. Sinopse da primeira parte: o filme narra a entrada de Guevara na guerrilha cubana, juntando-se a Fidel e Raul Castro no México; as dificuldades passadas pelos guerrilheiros; a atuação de Che como médico atendendo os camponeses (“Nada dói, doutor. Vim vê-lo porque nunca vi um médico”). Reproduz também o Guevara já ministro da economia cubano visitando os Estados Unidos, conversando com o senador republicano anti-comunista McCarthy e discursando na ONU. Porém, o filme se detêm na reprodução da tomada da cidade de Santa Clara pelos rebeldes. A cidade era passagem de acesso para Havana. O exército revolucionário foi comandado por Guevara nessa vitória decisiva para a Revolução Cubana. Sinopse da segunda parte: o filme narra a trágica guerrilha na Bolívia, uma tentativa de repetir a Revolução Cubana que, além de ter sido um grande fracasso, acabou com Che assassinado. A narrativa evidencia as dificuldades crescentes dos guerrilheiros cada vez mais isolados no interior da Bolívia. Ponto forte: a reconstituição estética impecável da guerrilhas. Baseado nas memórias escritas pelo próprio de Ernesto Guevara. O filme apresenta um Che idealizado e pouquíssimas críticas aparecem à Revolução Cubana (“A tragédia da Revolução Cubana consiste em não saber institucionalizar esse grande momento como um regime de direitos legais” diz um diplomata). O discurso político de Che é reproduzido em vários momentos:

- “Duzentos milhões de latino-americanos morrem de fome. Todas essa pessoas contribuem para a Grandeza econômica dos Estados Unidos. Não se exporta Revolução. As revoluções são criadas pelas condições de opressão que os governos da América Latina exercem contra seus povos”.
- “O verdadeiro revolucionário é guiado por sentimentos de amor. Amor pela humanidade, justiça e verdade”
- “Não há coisa melhor para fazer um povo se solidarizar com a sua revolução do que uma invasão apoiada pelos Estados Unidos”
- “Os Estados Unidos intervêm na América alegando a defesa das instituições livres, mas não garante direitos iguais aos negros e latinos que vivem no país”
- “Se aprendemos algo em Cuba... é que um levante popular sem apoio da luta armada não tem possibilidade de tomar o poder”