


Cinema, Aspirinas e Urubus
BRA, 2005, 101 minutos, 14 anos. Direção: Marcelo Gomes. Elenco: João Miguel, Peter Ketnath. Contexto histórico: a inserção do Brasil na modernidade durante a Segunda Guerra Mundial. O sertão na década de 40, no interior de Pernambuco. Sinopse: alemão vem para o Brasil com dois objetivos: fugir da guerra e vender aspirinas. Ele utiliza um pequeno caminhão carregado de aspirina e filmes para divulgação do produto O remédio é completamente desconhecido na região. Para conseguir vender o remédio, o alemão usa o cinema, mostrando comerciais do produto. Cinema improvisado, montado na rua, com uma tela esticada em dois paus fincados. O ajudante, um típico nordestino, e o vendedor alemão, acabam formando uma forte e improvável amizade. Ponto forte: esse road-movie “da tragédia”, no árido, miserável e “infame sertão” concretiza-se como uma ficção com espírito de documentário. A denúncia da miséria e do abandono no nordeste brasileiro é o verdadeiro objetivo do filme. O diretor utiliza músicas e noticiários do período fornecendo mais veracidade ao filme. Mostra também a extração da borracha na Amazônia para abastecer os norte-americanos na Segunda Guerra. O próprio protagonista vai para a Amazônia quando o Brasil entra em guerra contra a Alemanha, pois ele teria que retorna ao seu país ou ficar preso no território brasileiro. Além de retratar a entrada do Brasil na guerra, menciona as depredações a empresas italianas e alemãs. Filme de estrada, mas de cunho social: mescla aventura com a denúncia da pobreza no nordeste. Premio especial em Cannes. Venceu os festivais de Guadalajara, Lima, Mar del Plata, Cuiabá, Rio de Janeiro e São Paulo.
Preste atenção nas falas do personagem nordestino que sonha com um emprego em uma fábrica de aspirinas:
- “No Brasil nem guerra chega”.
- “Aqui é seca e pobre”. - “Minha cidade... cinco casas, uma cruz no meio”.
- “Isso é o sertão: miséria, coronel e piada de corno”.
A Classe Operária Vai ao Paraíso
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