CINEMA E HISTÓRIA

CINEMA E HISTÓRIA

terça-feira, 26 de abril de 2011

Jango


Jango
BRA, 1984, 110 minutos. Direção: Sílvio Tendler. Documentário que mostra a trajetória de João Goulart, enfatizando o período de 1961 até o Golpe Militar de 1964. O presidente Jânio Quadros renuncia a presidência em 25 de agosto de 1961 e, segundo a constituição vigente quem deveria assumir era o vice João Goulart. Acontece que Jango era classificado como comunistas pelas forças armadas que impedem a sua posse. Os ministros militares declaram estado de sítio com a finalidade de impedir a posse. O Rio Grande do Sul organiza o movimento da Legalidade, uma resistência armada contra a tentativa de golpe. Estava gerada uma grande crise e uma ameaça real de guerra civil. A solução para o impasse foi Goulart assumir a presidência com poderes limitados, devido à adoção do parlamentarismo, através de uma emenda constitucional. O Brasil retornaria ao presidencialismo, dois anos depois, quando Jango sai vitorioso de um plebiscito popular. O filme é narrado por José Wilker e contem imagens raríssimas: o enterro de Getúlio, Jango na China, as barricadas nas ruas de Porto Alegre, o comício da central do Brasil e os filmes produzidos pelo IPES (Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais) contra o governo Goulart.

Os filmes do IPES: sob o pretexto de proteger o Brasil da “ameaça comunista", leia-se das Reformas de Base, o IPES, ao longo de dois anos, trabalhou para desestabilizar o governo Goulart. A ação do Instituto foi decisiva para o sucesso do golpe militar. A organização inicia em agosto de 1961, devido à chegada do comunismo na América com a Revolução Cubana. Um grupo de “empresários e democratas para o progresso” reuniu-se “cônscios de sua responsabilidade na vida pública do país”. (frases retiradas da ata de fundação do Instituto). Os filmes produzidos pelos IPES, dirigidos pelo cineasta Jean Manzon e com roteiros do escritor Rubem Fonseca, eram exibidos nos cinemas antes do filme principal e destacavam “o caráter ateu do comunismo e a ameaça contra a família e a propriedade”. Os curta, de cerca de 10 minutos cada, mostravam imagens chocantes que misturavam nazismo, stalinismo e o governo Goulart: “O que estamos fazendo nós para impedir que se coloque diante do povo brasileiro a trágica opção entre soluções antidemocráticas? A omissão é um crime. Isolados seremos esmagados. Somemos nossos esforços. Orientemos num sentido único a ação dos democratas para que não sejamos vítimas do totalitarismo”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário