CINEMA E HISTÓRIA

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terça-feira, 19 de abril de 2011

Netto Perde sua Alma



Netto Perde sua Alma
BRA, 2001, 102 minutos. Direção: Beto Souza e Tabajara Ruas. Elenco: Werner, Sirmar Antunes, Nélson Dinis, Oscar Smich. Contexto histórico: a Revolução Farroupilha: confronto entre os estancieiros gaúchos e o governo central do Império. O Rio Grande do Sul não produzia para o mercado externo, como as demais províncias, mas para o mercado interno. O seu principal produto era o charque e a dificuldade em concorrer com os vizinhos Argentina e Uruguai, foi o principal motivo da rebelião. Os produtores gaúchos exigiam a cobrança de impostos mais altos para o charque platino, mas o governo central, pressionado pelos compradores de charque, não atendeu a reivindicação. A Guerra dos Farrapos teve 56 conflitos bélicos e cerca de 3 mil mortos. O movimento iniciou em 20 de setembro de 1835, com a tomada de Porto Alegre, e terminou em 28 de fevereiro de 1845, com um tratado de paz, acertado entre Duque de Caxias e Davi Canabarro. Foi a maior rebelião do Período Regencial (1931-1840) e a maior guerra civil da história brasileira. Sinopse: o filme retrata a Batalha do Seival e a participação dos negros na Revolução Farroupilha; a participação do General Antônio Netto na Guerra dos Farrapos e na Guerra do Paraguai. Ponto forte: a participação dos negros e os debates internos, entre os líderes farroupilhas, para decidir os rumos do movimento, estão entre os pontos altos do filme. O filme mostra de forma idealizada a Revolução Farroupilha, porém com passagens muito ilustrativas. Destaque também para a construção do personagem Netto e para a atuação de Werner Schünemann. Porém, o filme é de gaúcho e para gaúcho assistir, pois os gaúchos aparecem como idealista e libertários e os demais brasileiros como defensores dos interesses do Império. Netto é o mais idealizado, chamado de “libertador” pelos negros. Em uma cena, ele aparece ferido, barbudo, coberto por um cobertor branco, lembrando Cristo. O filme, de certa forma, deu origem a minisérie A Casa das Sete Mulheres, inclusive com a utilização de alguns dos mesmos atores. Destaque também para a leitura da carta de Garibaldi, direcionada aos farroupilhas: “nunca vi em nenhuma parte homens mais valentes, nem cavalheiros mais brilhantes...” e para as belas paisagens do pampa gaúcho e uruguaio. A obra critica a guerra do Paraguai “nós [farroupilhas] lutávamos por idéias, essa guerra atrai mercenários vindos de toda a parte”.

Atenção para a precisão dos diálogos quase literários do filme:
Entre Netto e Maria, futura esposa do General:
Maria – Amo cavalos, são nobres, são tão bonitos, fortes, garbosos, livres, tranqüilos...
Netto – Está é uma visão romântica, quem conhece cavalos sabe que são animais traiçoeiros e egoístas.
Maria – Está com o humor terrível hoje general...
Netto – Eu conheço cavalos, cavalos são o meu negócio.

Milonga – Eu quero entrar para o corpo de lanceiros
Netto – Tu não é bem tratado na estância milonga?
Milonga – Sou sim senhor...
Netto – Então?
Milonga – Lá eu sou escravo...
Gavião – Tu é muito moço para ser lanceiro, milonga.
Milonga – Não para ser escravo.

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